O mercado de drones e pulverizadores agrícolas continua crescendo no Brasil e no mundo. Segundo o Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), o Brasil possui atualmente 100 milhões de hectares pulverizados por cerca de 2,5 mil aeronaves, incluindo aviões e drones. Estima-se que cerca de 10 mil drones estejam operando no agronegócio brasileiro.
Globalmente, o mercado de drones agrícolas deve atingir US$ 4,3 bilhões (R$ 23,11 bilhões) até 2029, mais que o dobro do valor projetado para 2024, de acordo com a consultoria Mordor Intelligence.
Com a crescente adoção de medidas de descarbonização por governos e empresas, a transição para motores elétricos em aeronaves se destaca como uma tendência. É nesse cenário que a startup gaúcha Miglia, fundada pelos irmãos Lucas e Rafael Esperança, busca se consolidar. A empresa, que desenvolve motores elétricos para drones agrícolas e aeronaves, recebeu um aporte de R$ 3 milhões de um investidor anjo, também gaúcho, para impulsionar o desenvolvimento de seus sistemas de propulsão.
Lucas Esperança, CEO da Miglia, afirmou que o objetivo com o investimento é expandir a equipe e estabelecer uma linha de produção, combinando a parte comercial com a engenharia para aumentar a rentabilidade da empresa.
Fundada em 2019, a Miglia faturou cerca de R$ 500 mil no último ano e planeja alcançar R$ 1 milhão até o final de 2024. A meta de longo prazo é atingir R$ 50 milhões em faturamento dentro de cinco anos, mirando também o mercado internacional, com destaque para os EUA, onde há uma resistência a tecnologias chinesas.
Entre os projetos da Miglia, está o desenvolvimento de motores para drones da Arys e da Psyche, startups brasileiras que atuam no setor de drones pulverizadores. Em março deste ano, a Miglia realizou o primeiro voo do Harpia P-71, seu drone equipado com motor elétrico próprio.
A startup começou com o intuito de fabricar motos elétricas, mas, após estudar o mercado de aviação, Lucas viu uma oportunidade e decidiu pivotar o negócio para sistemas de propulsão elétrica para aeronaves. Além dos drones de pulverização, a Miglia já planeja expandir para aviões tripulados, como os eVTOLs, e aviões agrícolas. “A diferença entre motores para drones e aviões está apenas no tamanho e potência, mas o princípio é o mesmo”, explica Lucas.
Com um processo de fabricação de motores em 50 dias, os irmãos Esperança acreditam ter um diferencial competitivo no mercado, agora ampliado pela nova linha de produção e equipe. O foco da empresa também é voltado para a segurança, dada a alta taxa de acidentes na aviação agrícola no Brasil. A Miglia acredita que drones controlados por profissionais podem ser uma alternativa mais segura e eficiente.