O mercado global de drones voltados para a agricultura e pecuária está em rápida ascensão. De acordo com a consultoria indiana MarketsandMarkets Research, até 2028, o setor deve movimentar US$ 17,5 bilhões (cerca de R$ 96 bilhões), contra US$ 4,5 bilhões registrados em 2023, representando um crescimento anual de 35%. Esse avanço reflete o impacto das tecnologias aplicadas ao campo, abrangendo áreas como agricultura de precisão, pecuária, piscicultura, silvicultura, horticultura e produção em ambientes controlados.
Esse crescimento faz parte de um movimento global que projeta o mercado de drones para diferentes setores da economia atingir US$ 67 bilhões (aproximadamente R$ 360 bilhões) nos próximos cinco anos. No Brasil, o agro se destaca como um dos principais impulsionadores dessa tendência, com aplicações que vão desde grandes propriedades rurais até comunidades indígenas no interior do país. Além disso, há um esforço crescente no desenvolvimento de tecnologia local.
Uma Startup de Destaque no Vale Aeroespacial Brasileiro
Um exemplo desse avanço tecnológico é a Psyche Aerospace, startup brasileira fundada em 2022 por Gabriel Leal, de 26 anos. Localizada em São José dos Campos (SP), no coração do “vale aeroespacial” do Brasil, a empresa busca revolucionar o mercado com o maior drone agrícola do mundo. “Queremos unir duas grandes forças brasileiras: a tecnologia aeroespacial e o agronegócio”, afirma Leal.

A startup começou modestamente, com apenas dois computadores, mas já atraiu investimentos significativos, somando R$ 15 milhões em rodadas de financiamento. Hoje, a Psyche conta com cerca de 100 funcionários em uma fábrica de 6 mil metros quadrados. Seu principal produto, um drone com capacidade para 400 litros por tanque (escalável para 800 litros), promete substituir tratores e aviões agrícolas tradicionais, trazendo maior eficiência para grandes propriedades.
Testes em Campo e Parcerias Estratégicas
Os drones da Psyche são equipados com um sistema inovador de abastecimento, apelidado de “beluga”, que permite reabastecer 2.400 litros em apenas 10 segundos. A expectativa é que cada estação possa pulverizar até 5 mil hectares por dia. Um dos primeiros testes será realizado em setembro na Fazenda Floresta, no Mato Grosso, pertencente ao produtor Gilson Pinesso, que aposta na tecnologia como uma revolução para o agronegócio. Outros grandes nomes do setor, como Tereos e Atvos, já demonstraram interesse, firmando pré-contratos de compra avaliados em milhões.
Drones na Agricultura Familiar e Comunidades Indígenas
O uso de drones também está ganhando espaço entre povos indígenas e pequenos produtores. Em parceria com a Fundação Bunge, etnias como os Xavante e Boé-Bororó têm utilizado a tecnologia para monitorar recursos naturais, combater o desmatamento e melhorar a produção agrícola. A iniciativa inclui doações de drones, equipamentos de informática e capacitação técnica. Além disso, o projeto contribui para o reflorestamento e a geração de renda com a coleta de sementes nativas.
A Fundação Bunge está expandindo o alcance do projeto, com a meta de beneficiar 68 mil indígenas de 65 etnias até 2030, cobrindo 14,5 milhões de hectares em 43 terras indígenas. Investimentos em infraestrutura, como salas de situação e conectividade via Starlink, garantem a eficácia do monitoramento e a resposta rápida a emergências, como incêndios e invasões de terra.
Um Futuro Promissor para os Drones no Agro
A adoção de drones no agronegócio não é apenas uma tendência, mas uma transformação profunda do setor. Seja em grandes propriedades ou em comunidades tradicionais, essa tecnologia oferece soluções inovadoras que combinam produtividade, sustentabilidade e inclusão social, projetando um futuro mais eficiente e conectado no campo brasileiro.